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Guia para Construir a Casa Própria

1. Planeamento Inicial

Antes de mais, defina as suas necessidades (n.º de quartos, áreas sociais, garagem, etc.) e estabeleça um orçamento realista. Verifique custos médios de construção (p. ex., 1.000–2.500 € por m² ) e lembre-se de incluir o preço do terreno. Os terrenos junto a grandes centros (Lisboa, Porto, Algarve) são muito mais caros que no interior do país . Por exemplo, há preços a partir de ~18 €/m² no interior e até 1.500 €/m² na costa

Escolha do tipo de casa: Avalie prós e contras de cada tipologia. Casas geminadas (em banda) são geralmente mais económicas e fáceis de manter, mas têm menos privacidade  Casas isoladas proporcionam privacidade total, porém exigem terreno maior e podem custar mais. Quanto a pavimentos, casas térreas têm construção e manutenção mais simples, mas exigem mais área de terreno ; casas com pisos aproveitam melhor terrenos pequenos e criam espaços exteriores (p. ex. mezaninos, terraços), mas exigem fundações mais robustas e tendem a custar mais

Escolha do terreno: Verifique sempre, junto à Câmara Municipal local, se o terreno permite construção, qual a área máxima de implantação e número de pisos autorizados abanca.pt. Consulte online o Plano Diretor Municipal (PDM) para saber as normas de uso do solo (zonas urbanizáveis, RAN/REN, etc.) abanca.ptabanca.pt. Procure terrenos planos, com bons acessos, e sem encargos (solicite Certidão e Caderneta Predial para confirmar ausência de hipotecas ou ónus abanca.pt). Leve em conta a localização (serviços, escolas) e a topografia/clima: por exemplo, no Norte chove mais e nas zonas costeiras há vento, enquanto no interior há mais sol mas riscos de fogo. Regiões do litoral têm terrenos muito valorizados (e caros), ao passo que no interior há terrenos mais acessíveis .

2. Licenças e Legislação

Antes de iniciar obras, obtenha todas as licenças junto da Câmara Municipal. Isso inclui o Licenciamento Urbanístico (ou Comunicação Prévia, especialmente para lotes em urbanização). Em geral, recomenda-se primeiro um Pedido de Informação Prévia (PIP): é opcional mas útil para antecipar restrições do PDM e evitar surpresas abanca.pt. O PIP não é uma licença, mas dá um parecer sobre a viabilidade do projeto abanca.pt. Só após aprovação do PIP ou de imediato, submete-se o Projeto de Arquitetura (planta, alçado, corte) e as peças de especialidades (instalações de água, esgotos, eletricidade, gás, estabilização, térmica, acústica, ITED, SCIE, etc.). Com a aprovação destes projetos, a Câmara emite o Alvará de Construção, permitindo iniciar efetivamente as obras . Note que, em loteamentos aprovados, pode-se usar o regime simplificado de Comunicação Prévia (numa só fase se definem projeto, especialidades e empreiteiro

Documentação necessária: Deve entregar documentos do requerente (CC/passaporte), prova de titularidade do terreno (Certidão Permanente e Caderneta Predial) e levantamento topográfico georreferenciado . Em loteamentos, junte o regulamento de urbanização. Para a aprovação, os técnicos (arquiteto, engenheiro) prepararão os estudos e memórias, mas cabe ao dono da obra providenciar os documentos legais essenciais, incluindo licenças de rede (por ex., ITED) e certificados de cumprimento do RCCTE e RSECE .

Envolvimento de técnicos: A lei exige que o projeto seja subscrito por arquitecto e engenheiro. Desde o início, contrate um arquiteto para o projeto arquitetónico e um engenheiro civil (para estabilidade, fundações, etc.) . Mais tarde, durante a obra, escolha um empreiteiro (de confiança) e defina um fiscal da obra – normalemente um engenheiro de fiscalização escolhido pelo dono da obra – para garantir que a construção segue o projeto aprovado

Custos administrativos e fiscais: Para habilitar-se à construção, há custos de licenciamento (taxas municipais sobre área de obra, por exemplo). Na compra do terreno paga-se IMT e Imposto do Selo (ex.: IMT até 6,5% conforme valor e tipo de imóvel). Sobre a construção de habitação incide IVA à taxa legal (atualmente 23%, embora prevista redução para 6% em novos planos do Governo idealista.pt). Após a conclusão, começa a conta do IMI (1,5% a 0,3% do valor patrimonial, consoante a avaliação). Os bancos, por norma, exigem seguro multirriscos-habitação (abrange fogo, inundações, etc.) como garantia se houver crédito à habitação cgd.pt. Apesar de opcional em Portugal, é recomendável contratar também o seguro decenal (cobre danos estruturais nos primeiros 10 anos) – embora ele não seja legalmente obrigatório cá

3. Projeto e Arquitetura

Contrate um arquiteto para desenhar a sua casa (plantas, fachadas, pareceres de “especialidades”) e um engenheiro civil para os cálculos estruturais. No projeto arquitetónico considere eficiência energética: escolha bom isolamento, janelas de qualidade e orientação solar adequada deco.proteste.pt. Materiais sustentáveis e sistemas como painéis solares reduzem a fatura a longo prazo deco.proteste.pt. Em Portugal, é obrigatório obter o Certificado Energético do imóvel (nas letras A+ a G) para vender ou arrendar, e boas classificações (A/B) valorizam a casa idealista.pt.

Escolha um estilo arquitectónico compatível com o terreno e PDM: casas tradicionais em tijolo, ou soluções modernas modulares/pré-fabricadas. Por exemplo, pode optar por construção convencional (tijolo ou betão in loco), ou por casas pré-fabricadas/modulares (peças fabricadas em fábrica e montadas no terreno). Cada método tem vantagens – p. ex., casas pré-fabricadas são mais rápidas de montar – mas devem sempre obedecer às normas locais. Avalie também o fator estético e valorização futura; em qualquer caso trabalhe com profissionais que o aconselhem no design final (estilo tradicional vs. moderno vs. minimalista, por ex.) para obter um projeto harmonioso.

4. Processo de Construção

Após ter projeto aprovado e licenças, contrate o empreiteiro/empresa de construção através de um contrato de empreitada detalhado (definindo preço global, prazos e penalizações). O dono da obra deve nomear um fiscal de obra (engenheiro de fiscalização) para supervisionar o cumprimento do projeto e das quantidades prevista

Fases da obra: Num esquema típico, as obras decorrem em etapas: (a) Preparação do terreno (terraplenagem, limpeza e drenagem do solo); (b) Fundações e estrutura: execução de sapatas ou estacas e colocação de pilares, vigas e lajes conforme projeto estrutural ; (c) Alvenarias e vedação: construção de paredes em blocos de cimento ou tijolo; (d) Cobertura: instalação do telhado e impermeabilização; (e) Instalações: montagem de redes de água, esgotos, eletricidade, gás e telecomunicações – cada rede deve ter projeto técnico próprio submetido para aprovação ; (f) Acabamentos interiores/exteriores: revestimentos de chão e paredes, pintura, carpintarias, portas e janelas, louças sanitárias, etc. Por fim, pode executar arranjos exteriores (jardim, acesso, muros) conforme projeto paisagístico.

Mantenha fiscalização contínua: o arquiteto ou engenheiro deve fazer visitas regulares para aferir que a obra segue o projeto aprovado. Isso ajuda a evitar imprevistos e retificações caras. Fatores imprevisíveis podem atrasar o prazo médio da obra (que habitualmente ultrapassa um ano): condições meteorológicas adversas, atrasos na entrega de materiais ou revisões no projeto atrasam o cronograma. É essencial prever margem de atraso no planejamento e manter reservas no orçamento para corrigir contratempos sem comprometer a obra.

Além da construção em si, conte com mão de obra (empregados qualificados, eletricistas, canalizadores, pedreiros) e materiais (cimento, aço, telhas, azulejos, etc.), que representam a maior fatia. Acrescentam-se os custos legais/fiscais: IMT na compra do terreno (até 6,5% do valor, com isenções por HPP), IVA sobre obras (atualmente 23%, mas a descer para 6% em breve idealista.pt), além do Imposto do Selo (0,8% sobre documentos de compra) e as taxas municipais de licenciamento (geralmente algumas centenas de euros, a verificar na Câmara). Por fim, lembre-se de incluir no orçamento o seguro multirriscos-habitação durante a construção (muitos bancos exigem) cgd.pt e possíveis coeficientes para imprevistos (normalmente 10–20% do custo total).

5. Dicas Práticas

  • Financiamento: Se precisar de empréstimo, consulte crédito à construção (vinculado ao projeto). Esse crédito costuma liberto em tranches à medida que a obra progride e pode cobrir grande parte do investimento (até 90% do custo total de terreno+obra)idealista.pt. Geralmente há período de carência inicial (por ex., 2 anos sem amortizar capital, apenas juros) e a última tranche só sai quando a obra estiver quase concluídaidealista.pt. Para conseguir o crédito, terá de apresentar projeto aprovado, licenças, orçamentos de empreiteiros e cronograma da obraidealista.pt. Compare propostas bancárias: as condições (juros, prazos, LTV) variam entre instituições.

  • Seguros obrigatórios: Em qualquer obra, exija que a empresa construtora tenha seguro de acidentes de trabalho para os operários (é exigido por lei às construtoras). Para si, contrate pelo menos um seguro multirriscos-habitação desde o início da obra: ele cobre incêndio, inundações, vandalismo e outros riscos. Em condomínios (propriedade horizontal) o seguro de incêndio é obrigatório por leicgd.pt. Já o seguro decenal (que cobre defeitos estruturais por 10 anos) não é obrigatório em Portugal, mas vale a pena considerar por segurança adicional

  • Planeamento futuro: Pense na manutenção e no valor de revenda. Materiais de qualidade e boa eficiência energética reduzem custos futuros (p. ex. casas bem isoladas gastam menos em aquecimento/arrefecimento). Bons acabamentos duráveis (telhado, portas, canalizações) evitam custos de reparo. No aspecto de revenda, um imóvel com certificado energético alto (A/B) atrai mais compradores e tende a valorizar-se: “uma boa classificação energética pode aumentar o valor percebido do imóvel” idealista.pt. Assim, invista em soluções sustentáveis (painéis solares, bombas de calor, etc.), não só pelo conforto e poupança, mas também como diferenciação de mercado.

Com um planeamento cuidadoso, apoio técnico certificado e acompanhamento constante da obra, construir a casa própria em Portugal pode ser viável e compensador. Respeite os prazos legais, acompanhe cada fase e prepare-se financeiramente para cada etapa. Boa construção!